O que acontece quando mudamos a direção dos arremessos? E se o foco não for mais lançar objetos para cima de forma controlada ao ponto de podermos agarrá-los a seguir?
A reflexão sobre o conceito de arremessos no interior da prática do malabarismo esteve no centro do desenvolvimento da ideia do projeto CHÃO. Buscamos imaginar um processo de criação onde o foco não fosse ter destreza suficiente para arremessar objetos e pegá-los antes de caírem, mas o seu exato oposto, isto é, um caminho de investigação pautado pela consigna de levar os objetos ao chão de maneira intencional.
O arremesso é a primeira coisa que nos vem a cabeça quando pensamos em malabarismo. Um exemplo disto é que acabo de perguntar para a pessoa com a qual compartilho minha casa ‘o que é malabarismo?’ e ela fez um gesto como se estivesse arremessando objetos para cima. Essa ideia de atirar coisas para o ar está sempre associada, no imaginário social, ao ato de agarrar os objetos de forma a evitar o erro e não deixar os objetos irem ao chão. O malabarismo é visto, nesse sentido, como um ato de arremessar coisas para cima de maneira acertada, isto é, sem deixar cair e evitando contato com o solo.
O projeto CHÃO busca subverter o imaginário sobre o malabarismo, alterando a direção dos arremessos e retirando do processo a necessidade de ‘impedir falhas’ e a ida dos objetos ao chão. Trazemos, para o processo criativo, a possibilidade de criar novos caminhos e visualidades no interior da prática, buscando contribuir com o alargamento e diversificação de sua ‘identidade’.
Por um malabarismo térreo, bolas ao chão!